quinta-feira, 19 de maio de 2011

Orquestra Sinfônica Brasileira - OSB

A Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) é uma das mais importantes orquestras brasileiras e situa-se no Rio de Janeiro. Tem como missão difundir a música sinfônica em todo país, atraindo público e novos talentos.

Djalma Soares, Antão Soares e Antonio Leopardi, empolgaram-se com apresentações da Orquestra NBC em turnê pelo Brasil e decidiram procurar o maestro José Siqueira com vistas ao objetivo de montar uma orquestra nos moldes daquela por aqui. Personalidades empresariais e políticas, bem como,  o apoio da imprensa por meio de divulgação do jornal O Globo, surgiu, então, como Sociedade Anônima em 1940.

A inauguração se deu com um concerto em data de 11 de julho de 1940, data escolhida em homenagem ao compositor Carlos Gomes. O primeiro diretor artístico indicado foi o regente húngaro exilado no Brasil Eugen Szenkar.

A orquestra ganhou um patrono em 1943,  Arnaldo Guinle que assumiu a administração da Sociedade, como membro do Conselho. Doou os dois andares do prédio da Avenida Rio Branco, onde até hoje é a sede da orquestra, no centro do Rio de Janeiro, mandando comprar nos Estados Unidos o instrumental que a orquestra necessitava. Como nutria amizade com o então Presidente Getúlio Vargas, Guinle conseguiu que a Orquestra, que era uma sociedade privada, recebesse verbas públicas do governo federal. Nesta época, pela primeira vez a orquestra publicou uma lista de músicos efetivos. Anteriormente, os músicos trabalhavam por contratação temporária. Entre os músicos desta lista, alguns dos que adquiriram mais notoriedade foram  Hans Joachin(flauta), José Gagliardi (trombone), ElzaGuarnieri (harpa), Oscar Borgeth e Claudio Santoro (violinos) e ainda,  Iberê Gomes Grosso, Newton Pádua e Aldo Parisot (violoncelos).
A OSB, em1944 promoveu um concurso de composição, no qual foram premiadas as seguintes obras:
  • 1° prêmio - o poema sinfônico Felipe Dantas de Helza Cameu
  • 2° prêmio - Impressões de uma usina de aço de Claudio Santoro
  • 3° prêmio - Muiraquitãs de José Siqueira
Em 1948 as disputas da Guerra Faria, mudaram o rumo da orquestra. Guinle se indispôs com José Siqueira, que era comunista e conseguiu afastá-lo da direção da sociedade com o apoio da "ala direita" da sociedade. A presidência da sociedade foi assumida pelo militar da Marinha, Adalberto de Lara Resende. O maestro Szenkar também se indispôs com a direção da orquestra, por ser contrário à prática de trazer regentes convidados do exterior. Ele foi afastado da direção artística da orquestra.

Lamberto Baldi foi quem dirigiu a OSB entre 1949 e 1951. Ele se dividia entre Montevidéu, Buenos Aires e o Rio de Janeiro. Seu trabalho na OSB era em conjunto com  Eleazar de Carvalho que vinha se afirmando como um grande regente, após voltar de um período como aluno de Serge Koussevitzky em Tanglewood. Ambos os regentes deram mais importância à musica moderna, enquanto Szenkar tinha privilegiado o repertório romântico. A partir de 1952, Eleazar de Carvalho assumiu a direção artística da OSB, permanecendo até 1968.
Em 1952, o Conselho da OSB recebeu como membro outro político de peso:Euvaldo Lodi. Com seu apoio, Eleazar de Carvalho conseguiu trazer uma leva de músicos europeus de altíssimo nível para reforçar os naipes mais deficitários da orquestra. Entre os que vieram estavam Noel Devos(fagote) e Odette Ernst Dias(flauta), que se instalaram definitivamente no país e desenvolveram atividade importantíssima para o meio musical brasileiro.
Em 1956, a OSB fez sua primeira gravação em disco, sob patrocínio do Itamaraty, para distribuição em embaixadas brasileiras. Entre as obras gravadas estava a Sinfonia n° 3 de Camargo Guarnieri, cuja primeira audição mundial tinha sido dada pela OSB.
Vivendo novas situações de crise financeira, a OSB sofreu interferência federal em 1957. O ministro da educação, Clóvis Salgado, indicou como interventor Mozart de Araújo, que nomeou uma comissão para fazer a direção artística da OSB, cujos componentes foram: Eleazar de Carvalho, Francisco Mignone e o escritor Guilherme Figueiredo, que passou a redigir os programas de concerto.

Na década de 1970, a OSB alcança projeção com a criação do Projeto Aquarius, que aproximava a música clássica das camadas mais populares, em concertos na Quinta da Boa Vista, entre outros lugares. Também nessa década Isaac Karavtchevsky assumiu a direção artística da OSB, onde ficou por 26 anos.

Os três tenores, José Carreras, Plácido Domingo e Luciano Pavarotti, apresentaram-se com a OSB na década de 1990. Isaac Karabtchevsky deixa suas funções de diretor artístico e Roberto Tibiriçá assume a direção artística em 1995 até 1998. Em outubro de 1998, Yeruham Scharovsky é nomeado Diretor Artístico e Maestro Titular da OSB, implementando vários projetos como a Orquestra Jovem da OSB, Master Classes, Escola da OSB e NTB.

Em setembro de 2001, a orquestra apresentou-se no Central Park e Lincoln Center, em Nova Iorque, em comemoração à Independência do Brasil. Em janeiro do mesmo ano, fez parte da abertura do Rock in Rio III, apresentando-se para mais de 120 mil pessoas e realizou uma turnê com concertos ao ar livre no norte e nordeste do País. Uma parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro foi proposta em 2002, envolvendo a construção de uma nova sede para a OSB, a Cidade da Música, incialmente prevista para ser inaugurada em 2008. A obra ainda está inacabada, sofrendo com irregularidades e tendo sua conclusão ameaçada.

Em 2010 a OSB completou 70 anos de atividades ininterruptas.

Filarmônica de Berlim X Orquestra Sinfônica Brasileira

Olá,

Já que estamos falando em orquestra e música, aí vai um texto produzido por Alexandre. Que coisa boa não é ? Aqui, ele fala sobre a comparação que muitos fazem sobre a OSB com a de Berlim. Assim ele escreveu:

"Por que nós, músicos, achamos "absurda" a idéia de querer que a OSB soe como a Filarmônica de Berlim?
...Imagine alguém pedir para os Rolling Stones soarem com os Beatles;
...Peça a um francês para falar com um sotaque britânico perfeito;
...Imagine Caetano tentando cantar como Tom Jobim;
...Imagine querer que um Bordeaux, ou um Côte du Rhône, tenha o sabor de um vinho alemão de Rheinhessen;
...Imagine você querer pensar e sentir as coisas como outra pessoa...
Toda orquestra soa diferente, assim como todo vinho tem um sabor único, de acordo com sua região de origem.
Uma orquestra russa soa como orquestra russa; uma orquestra alemã soa alemã e assim por diante. Uma orquestra brasileira tem a personalidade, cor, sutilezas e nuances características do povo brasileiro.
Assim soa a OSB.
Seus fraseados melódicos possuem as curvas do Corcovado, do Pão de Açucar... dos Dois irmãos. Os ritmos e articulações são Villa-Lobianos, Jobianianos.
Movimentos lentos, como um Adagio, são plácidos como o espelho d´agua da Lagoa Rodrigo de Freitas num fim de tarde. Os acelerandos e crescendos nos remetem às ondas das nossas praias, fortes mas sem contudo perder a doçura típica carioca.
Se você ouvir com bastante atenção, perceberá que seus ritmos sincopados tem um pouco do Choro da Lapa, do bondinho de Santa Teresa, um pouco de Manuel Bandeira almoçando no Lamas. E com tudo isso, a OSB faz música de concerto.
Está tudo lá, é só ouvir com atenção.
É por tudo isso que nós artistas, que ouvimos com atenção, choramos por saber que querem desconstruir essa nossa identidade sonora em prol de outra.
Para quem não ouve com atenção, não quer ser brasileiro e não entende o que acabo de escrever, querer que a OSB soe como a Filarmônica de Berlim pode parecer ser uma "melhora de qualidade". Não é... é o assassinato artístico de nossa expressão, da nossa maneira brasileira de sentir.
A orquestra Filarmônica de Berlim é a melhor orquestra do mundo e contém toda uma expressão (tradição, linguagem, etc...) germânica em sua essência. E apesar de tudo isso... ela não é a nossa!!!
Assim como o grande Marlos Nobre (logica e humildemente respeitando as devidas proporções), também tive uma mesma obra executada por várias orquestras no mundo, inclusive na Alemanha e no Brasil. Todas as interpretações foram absolutamente diferentes, e as brasileiras tão boas quanto as internacionais (em muitos casos até superiores).
Aliás, já tive obra minha executada por uma orquestra jovem alemã!! E posso garantir que a OSB Jovem é muito melhor...
Mas sou péssimo escritor...muito ruim mesmo...então me perdoem. Escrevo para todos com a ajuda da taça de Bordeaux (que já acabou...), e com a esperança que a OSB continue soando como a nossa OSB. Como uma orquestra brasileira.
O que é a nossa OSB? São esses maravilhosos músicos que nela sempre entregaram sua arte e brasilidade. Isso inclui nossos queridos músicos estrangeiros-brasileiros, como David Chew e muitos outros, que a décadas já sucumbiram de amor por essa terra.
Viva a "nossa" música!"

Alexandre de Faria

OSB - Crise de 2011

Olha só pessoal, diante dos acontecimentos que culminaram na demissão de diversos músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira, este blog não pode silenciar, motivo pelo qual, decidimos falar sobre o assunto e até mesmo o Alexandre autorizou a publicação de textos seus, em solidariedade àqueles que respiram, amam e vivem da música.

Em janeiro de 2011, a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), sob a diretoria de Minczuk, anunciou uma avaliação para os músicos da orquestra, que se colocaram contra o procedimento. Alegaram que os testes já haviam sido feitos. A fundação manteve a decisão e a maior parte dos músicos boicotaram as provas, que tiveram início no dia 10 de março. Diante do boicote, foi oferecido um programa de demissão voluntária, tendo sido aceito somente por três músicos. Houve uma reunião com o Ministério doTrabalho, foi elaborado um novo plano de demissão que foi  novamente recusado. Isso provocou a demissão por justa causa de 33 músicos. A avaliação foi mantida e realizada por 35 músicos, que permaneceram no trabalho.
Os músicos pediram a saída de Minczuk, chegando a afirmar que o maestro pressionava e humilhava os integrantes da orquestra, impondo "um clima de medo" desde sua chegada.
Nesse ínterim, a crise repercutiu internacionalmente, e Minczuk foi apontado como o culpado por críticos e músicos mundo afora. Artistas convidados para a temporada 2011, como a bailarina Ana Botafogo e os pianistas Nelson Freire e Cristina Ortiz, cancelaram suas apresentações.

Em 9 de abril, no primeiro concerto da temporada, com a OSB Jovem no lugar dos músicos, houve protesto dentro e fora do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e o concerto foi interrompido. Minczuk foi vaiado pelo público e os músicos da OSB Jovem, em protesto, se retiraram do palco, deixando o maestro sozinho.
Em 18 de abril, Minczuk pediu exoneração do cargo de Diretor Artístico após uma reunião com o conselho da orquestra, mas continuou a ocupar o cargo de maestro.
Em 26 de abril, a Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira enviou uma nota comunicando o encerramento do prazo para que os músicos demitidos se reapresentassem. Nenhum dos músicos se apresentou e a fundação deu o caso por encerrado, anunciando que em maio fará testes para 13 posições na orquestra, que já estavam em aberto há dois anos.

No sábado, dia 30 de abril, o grupo de músicos demitidos realizou um concerto-manifesto na Escola de Música da UFRJ, com participação da pianista Cristina Ortiz. O evento reuniu cerca de mil pessoas, incluindo antigos membros da orquestra.

Diante de todo este contexto, a situação da OSB continua instável, causando protestos, instabilidade, transformando e alterando as vidas de diversas pessoas que faziam dali sua casa, suas vidas, suas esperanças e sonhos e o que é pior, prejudicando sobremaneira o bom funcionamento desta fundação que tem como objeto de trabalho o que nos causa tanto prazer, a música. Quem será a pessoa de coragem, atitude e consciência que vai fazer o tal maestro largar o osso? Quem ?       

Jornal O Globo publica: Crise na OSB: platéia vaia maestro, que é obrigado a cancelar espetáculo. Veja vídeo

A crise entre os músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) e o diretor artístico e regente titular, Roberto Minczuk, ganhou novos capítulos neste sábado, quando uma apresentação no Teatro Municipal do Rio foi interrompida pelas vaias da platéia, que chamava o maestro de "ditador".
Após 20 minutos, Minczuk, que subiu ao palco com a OSB jovem, se retirou, sendo seguido pelos músicos. Pelos alto-falantes, a direção avisou que o espetáculo estava cancelado e pediu que a platéia se retirasse. Um dos músicos tentou ler um manifesto contra a forma como a OSB vem sendo administrada Minczuk, mas o som do teatro foi cortado. Do lado de fora do Municipal, na Cinelândia, os músicos da OSB tocavam na calçada, em protesto.
Veja o vídeo das vaias no Municipal:
Quase a metade dos profissionais da sinfônica foi reprovada e outros foram demitidos por se rebelarem contra as avaliações de desempenho determinados pelo diretor Roberto Minczuk.

OSB Jovem - por Alexandre de Faria

Vivemos hoje, sábado, um momento histórico, quando os garotos da OSB jovem se levantaram de suas posições e se retiraram do palco. Que coragem, que grande geração vem por aí.... parabéns!!

Para quem não está familiarizado com a simbologia ritual do universo da música de concerto, o ato de uma orquestra se levantar e se retirar do palco abandonando seu regente (como foi feito) é o "gesto final", "Maior" e "mais contundente" de que aquela orquestra não será mais conduzida por aquelas batutas.

Foi isso o que os bravos garotos da OSB jovem disseram hoje ao maestro.

As fotos abaixo são da Orquestra Jovem:


Manifestação da OSB Jovem


Conserto Histórico da SOS OSB

Eu estava lá. Eu vivi aquele concerto. Tive o prazer de ouvir todo o concerto de pé. Antônio Guerreiro estava sentado ao meu lado. Ele pode. Também encontrei e falei com nossos grandes mestres Alceu Reis, José Botelho, Sandrino Santoro, Ricardo Tacuchian entre dezenas de outros. Esses nossos grandes professores foram diminuídos públicamente, em matéria,  quando quiseram denegrir a qualidade do ensino de música no Brasil. Eles estavam lá também. Senti vontade de pedir desculpas a todos eles pela injustiça e ingratidão declarada por terceiros, após décadas de dedicação desses reais maestros ao ensino da música. Quis ligar pro Paulo Bosísio!
Fiquei orgulhoso de ter a minha MUSIMAGEM citada na lista dos que apoiam o movimento e orgulhoso  por ter contribuÍdo na confecção da carta de apoio da entidade. Tudo o que foi dito nos discursos que antecederam o concerto sintetizam bem toda a situação. E a música... resolve e encerra o caso definitivamemente! Nada mais precisava ser dito após aquela récita.
O maestro que não tiver a capacidade de por conta própria e qualidade pessoal de liderança, elevar parte daquele grupo (sim, a outra parte era de amigos que não tem o entrosamento de décadas de ensaios diários, e mesmo assim foi lindo!) ao melhor nível mundial de orquestra, não merece reger a OSB. Não é um maestro suficientemente completo para a tarefa. Falta-lhe parte dos requisitos necessários para atingir suas próprias metas. É portanto ilegítimo e foi reprovado na prova de avaliação criada por ele mesmo. Ele foi julgado pelos músicos, pela comunidade musical brasileira e mundial. E só se mantém no cargo por intermédio de pistolão, artificialmente. Sabemos disso. Estávamos lá. 
Resta, então, o pedido de desculpas a todos os grandes professores que tivemos. E cabe à nós, seus filhos artísticos, pagar essa dívida. Cabe a nós repassar o que recebemos à próxima geração. A próxima geração está testemunhando tudo isso, e isso é parte do nosso legado.


Todos que estavam lá, como eu, vão dormir com a consciência limpa.
Mas não posso deixar de pensar que muitos, naquela noite de sábado, foram dormir com amargura e remorso. Aprendi com a minha mãe que SEMPRE defendemos nossos irmãos, nunca os deixamos sem amparo e se for para morrer no campo de batalha, morremos todos juntos. Com honra.
Parabéns a todos os que participaram do histórico concerto de sábado.

Viva!

Alexandre de Faria

Carta de apoio da Associação Brasileira de Compositores de Música para Audiovisual (Musimagem) aos músicos da OSB


A MUSIMAGEM BRASIL - Associação Brasileira de Compositores de Música para Audiovisual- solidariza-se com os músicos da OSB –Orquestra Sinfônica Brasileira. As declarações e atitudes da FOSB - Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira -, e do maestro Roberto Minczuk são equivocadas, desrespeitosas e ferem a dignidade, não só dos músicos da OSB, como também dos integrantes da OSB Jovem.
Os músicos da orquestra jovem, ainda em fase de aprendizado, foram levados a atender a interesses imediatistas , enquanto que músicos de carreira consolidada e respeitada, viram-se, da noite para o dia, e de forma casuística e oportunista, privados de sua principal atividade profissional.
A MUSIMAGEM BRASIL junta-se ao coro uníssono de artistas e entidades que levanta sua voz contra esta série lamentável e infindável de arbitrariedades, cometida contra profissionais que sempre estiveram dispostos e disponíveis para enfrentar todos os momentos difíceis pelos quais a orquestra já passou. Esperava-se do maestro e da FOSB que esta dedicação de décadas fosse recompensada com reconhecimento e agradecimento e não com desdém e descrédito público.
Nossa entidade, cujos membros sempre tiveram grande apreço e admiração pelos músicos da OSB, mantém a esperança de que a FOSB reavalie seus princípios e métodos.
A MUSIMAGEM BRASIL acredita que o processo de avaliação da orquestra, almejando sempre um maior nível de qualidade, ocorre no dia-a-dia do trabalho do maestro com a orquestra que dirige. Se este convívio é feito de forma salutar, transparente, presente e séria, não há a menor necessidade de avaliações traumáticas, como esta proposta pelo maestro Minczuk e apoiada pela FOSB.
Os músicos da OSB Jovem, quando se negam a tocar sob pressão e constrangimento, não desrespeitam o público. Muito pelo contrário. O público é que está sendo desrespeitado, sendo privado de ouvir o elenco principal de uma orquestra, afastado de forma torpe e indigna de suas funções. Os jovens músicos que se negaram a tocar sob uma batuta tirana, merecem aplausos. Isso é ser coerente. Isso é ter dignidade.
O dia 9 de abril tornou-se histórico para a música brasileira e será lembrado como o “ Dia Internacional do direito do músico". Do direito de tocar, de ser respeitado, de ser avaliado com competência, de ter sua voz, e não só seu instrumento, ouvida.
Nós, que fazemos música para imagem, muitas vezes com a indispensável colaboração dos músicos da OSB, esperamos que a paisagem atual da música clássica carioca mude rapidamente. Que no lugar da arbitrariedade e da truculência, haja consideração e democracia. 
Viva a OSB e viva o amor à música!
MUSIMAGEM Brasil

Adeus OSB Jovem

Alexandre de Faria, em razão dos últimos acontecimentos, comenta uma carta de desligamento de um jovem da orquestra e assim fala: "Essa é a carta de desligamento do Luiz Felipe da OSB jovem. Para mim ela diz tudo e é o suficiente para quem ainda tem dúvidas se posicionar à respeito. Emocionante!
"
"Adeus OSB
Hoje eu me desliguei da OSB Jovem, por discordar de todas as coisas erradas que ocorrem na fundação. Saí porque a dignidade de um músico tem que valer mais que mil reais ou que qualquer falsa promessa que nos façam.

A Jovem sempre teve um potencial incrível, jovens talentosíssimos que faziam muita das vezes a orquestra soar como se fosse grande, madura e experiente. Mas esse potencial nunca foi realmente explorado da maneira correta, sempre fomos vistos como objetos para suprir vontades de maestro ou diretores. Várias vezes fomos apresentados como "a nata dos jovens instrumentistas" e logo em seguida eram dados os méritos aos monitores. Será mesmo que para se ter a tal "nata" o mérito e construção desses alunos eram dignos dos monitores ou seria de diversos professores competentes que durante anos lapidaram esses jovens? Professores esses que foram ridicularizados em entrevista pelo tal diretor artístico. A última frase que eu ouvi antes de pegar minhas coisas e sair da orquestra foi "quero ver seu professor pegar parte do salário dele e te sustentar.”. Acho que eu nem preciso comentar nada sobre isso né, a frase se desmerece por si só!

Eu vivi na pele a antipatia de um maestro, vi amigos sofrerem, vi gente competente ser desmerecida na frente da orquestra, vi gente sofrer pressão psicológica minutos antes de solar com a orquestra, vi o dinheiro de nossas bolsas ser descontado por motivos obscuros..alias..vi não..porque nunca nos foi esclarecido para onde esse dinheiro ia.Gente que ficou doente e apresentou atestado foi descontado,gente q teve ônibus queimado na rua de casa na época da guerra no rio de janeiro foi descontado,gente q foi ver o filho nascer foi descontado...isso eram apenas algumas coisas que expressavam exatamente o aprendizado grotesco que tínhamos la.Recentemente,tivemos que dividir espaço na orquestra para diversos monitores(pessoas que se submeteram as avaliações da profissional),tivemos que presenciar o clima pesado entre eles mesmos,um querendo desmerecer o outro..será que esse é realmente o tal projeto educacional que é divulgado para a platéia e pros patrocinadores?Será mesmo que essa é a OSB Jovem anunciada no programa?Uma orquestra onde a cada ensaio q se passa são enxertados mais e mais monitores para mascarar e se disfarçar de uma orquestra que não existe mais?

É triste deixar uma orquestra onde fiz amigos, onde me dediquei,me diverti,ri e vivi intensamente, mas essa orquestra morreu, não existe mais, e aos meus amigos que la estão,cada um com seu motivo e suas convicções,apenas deixo o recado de coração: Música é vida,é amor e sentimento.Se vocês não tocam pensando nisso é porque talvez nem músicos mais vocês estejam sendo!

Espero que os músicos sejam tratados com respeito, porque apesar de parecer irônico, uma das frases que eu ouvi ao longo desse tempo na OSB Jovem que me marcou foi "Batuta não sai som". Então..fica a dica!”